DIA DA LITERATURA CEARENSE - 40 ANOS PARABÉLUM




    O Ceará é manancial de uma tradição literária rica: berço do romancista José de Alencar;  pioneiro na divulgação filosófica, nos movimentos políticos e nas manifestações estéticas; lar de clubes e de agremiações literárias, de boêmios e brincalhões;  de poetas e ficcionistas que cantaram a serra, o mar e o sertão. Com o intuito de conscientizar as pessoas da importância cultural da literatura cearense, na gestão do governador e acadêmico Lúcio Alcântara, por meio da lei estadual Nº 13.411, de 15 de dezembro de 2003, de autoria do ex-deputado Adahil Barreto,  houve a instituição do “Dia da Literatura Cearense”, que passou a ser comemorada no dia 17 de novembro, em homenagem ao nascimento de Rachel de Queiroz. Com a publicação do romance O Quinze (1930), a escritora alcançou ampla repercussão, conquistando o interesse dos leitores e da crítica, ao alavancar um novo ciclo dos romances nordestinos na ficção brasileira. Pela força poética de suas narrativas, Rachel de Queiroz tornou-se  símbolo da literatura e da cultura cearense, assim como Patativa do Assaré, José de Alencar, Juvenal Galeno, Oliveira Paiva e a agremiação literária e artística, Padaria Espiritual.
Integrando as comemorações que celebram a data criada pela Lei estadual citada, o Projeto “O entre-lugar na literatura cearense”, coordenado pelo Prof. Charles Ribeiro, sob a orientação da Prof.ª Odalice de Castro Silva, tem como objetivo o estudo da formação da literatura dos que escreveram, produziram e publicaram no estado do Ceará, enfatizando a consolidação de uma tradição literária no Estado, investigando a sua contribuição para a diversidade  da Literatura brasileira. Os trabalhos do Projeto partem de um viés da historiografia literária, da crítica e da literatura comparada.
        Em 2017, celebraremos os 40 anos de publicação de Parabélum (1977), de Gilmar de Carvalho, considerado o mais expressivo romance publicado na década de 1970, no Ceará. O livro narra a trajetória de um protagonista, denominado apenas de ‘herói’, em minúsculo, uma espécie de libertador, anunciado por meio de profecias do Antigo e do Novo Testamentos, mas que se transmuta em diversos personagens históricos como Cristo, Lampião e Che Guevara. Gilmar de Carvalho, para engendrar seu universo ficcional, costurou e entrelaçou histórias da tradição popular nordestina com variados signos da indústria cultural, tais como o teatro, a televisão, o cinema e as histórias em quadrinhos. Um livro que merece ser lido e estudado!
        O Projeto “O entre-lugar na Literatura cearense” e o Acervo do Escritor Cearense, da Biblioteca de Ciências Humanas da UFC, promovem este encontro com palestras e uma mostra de documentos do Arquivo Pessoal de Gilmar de Carvalho.
Venha celebrar conosco!

Quando: 17/11/2017.
Horário: de 09:00 às 12:00.
Onde: Auditório da Biblioteca de Ciências Humanas – UFC (Campus Benfica, Fortaleza)
Vagas: 80.
Certificado: carga horária de 4 horas.
Evento: gratuito e aberto ao público.
Saiba mais sobre o evento: Dia da Literatura Cearense 
Página do Facebook:
Contato: entrelugar.literaturacearense@gmail.com

Organização:
Prof. Mestranda Lídia Barroso Gomes
Prof. Doutorando Charles Ribeiro Pinheiro
Prof.ª Dr.ª Maria Neuma Barreto Cavalcante
Prof.ª Dr.ª Odalice de Castro e Silva



Programação:  

Data: 17 de novembro de 2017.
Local: Auditório da Biblioteca de Ciências Humanas.
Horário: 9h00 às 12h00.
  • Abertura: “Por que celebrar o Dia da Literatura cearense?” (09h30)  - Prof.  Doutorando Charles Ribeiro Pinheiro
  • Fala: “Gilmar de Carvalho no Acervo do Escritor Cearense”  (09h50) - Prof.ª Dr.ª Neuma Cavalcante
  • Entrevista com o herói (Gilmar de Carvalho) (10h20)
         (Entrevistadora – Prof.ª  Mestranda Lídia Barroso)
  • “Palestra: Parabélum – 40 anos”  (11h00) -  Prof.ª Dr.ª Odalice de Castro Silva 
  • Homenagem ao escritor, pelos 40 anos de Parabélum (11h30)
  • Exposição sobre Parabélum, no salão do primeiro piso da Biblioteca de Ciências Humanas (CH1).



O escritor Gilmar de Carvalho

PARABÉLUM, 40 ANOS


Por Lídia Barroso Gomes
 Após quatro da publicação do seu livro de estreia, Pluralia Tantum (1973), Gilmar de Carvalho lançou a primeira edição de Parabélum, obra considerada pelo próprio escritor como umas das mais importantes de sua trajetória na escrita ficcional. Como enredo do romance, encontramos a história de um herói ou libertador que é anunciado ora através de profecias do Antigo Testamento, ora com passagens dos Evangelhos do Novo Testamento. O herói de Parabélum também é uma tessitura das histórias da tradição popular e de outros personagens históricos como Cristo, Lampião e Che Guevara. Identifica-se ainda com J. Matias Fernandes, “dono talvez, do primeiro bordel homossexual de Fortaleza que ficava em Parangaba” (In: “Vida e arte”. O Povo. 06 de setembro de 1997. p. 5 B). Para Gilmar de Carvalho, a estrutura do livro pode ser entendida em três partes: a) releitura do Evangelho; b) recriação da linguagem de cordel; c) uma adoção de referências da América Latina (idem, ibidem). Parabélum também foi marcado pelo cinema de Godard, de Glauber Rocha e pelo Tropicalismo.
O livro foi escrito nos finais de semanas, entre 1975 a 1977. Antes de ser publicado, Parabélum foi lido por Joan Dassin, uma brasilianista que passava por Fortaleza, que leu e sugeriu alguns cortes no texto. A primeira capa do livro foi uma criação de José Capelo, o Pepe.
A escritura e a publicação de Parabélum se deram num momento em que a História do Brasil foi marcada por uma série de crises política, econômica, ideológica e cultural. Como é sabido, na década de setenta, o país ainda estava sob o regime da ditadura militar instaurada desde o golpe de 1964. Segundo Gilmar de Carvalho, o primeiro nome do livro, antes da primeira edição, foi Intentona: um projeto de romance pop porque “trazia o conceito que reforçava a experimentação de Parabélum. A palavra intentona era associada à tentativa comunista de chegar ao poder” (Trecho extraído de correspondência minha com o escritor).
Parabélum foi lançado, oficialmente, no dia 15 de julho de 1977, no Simwal Arte às 20:30h em Fortaleza. Outras duas datas também marcaram o lançamento do livro: 24 de agosto de 1977, às 20h, no Auditório da UVA em Sobral, cidade onde nasceu o escritor; e o relançamento em 21 de setembro do mesmo ano no Instituto de Arquitetos do Brasil, noite de autógrafos ao som do show de Lúcio Ricardo (violão e voz) e Batista Sena (flauta).
Em 2009, Parabélum foi reeditado pela editora Armazém da Cultura, em Fortaleza, contendo a última frase “não editou o AI-5”, que havia sido cortada na primeira edição, devido o risco de ser confiscado pela censura.
   

Um comentário:

  1. Parabéns pela iniciativa: é tão bom saber que acordamos para divulgar nossas obras.

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